Assim como toda a sua história, a França possui um idioma marcado por uma trajetória de transformações. A evolução da língua francesa reflete mudanças culturais, sociais, políticas e econômicas que ocorreram no país e em países de língua francesa. Sua origem é comum como todas as línguas com raízes do latim: o declínio do Império Romano e a invasão de povos vikings, germânicos e, sobretudo, os francos. Dessa maneira, o latim passou a sofrer grandes alterações, de modo que novas variedades linguísticas, além da influência da língua grega, foram se misturando e originando diferentes dialetos em todo o território.
Ao longo da idade média, esses dialetos locais começaram a se diferenciar e poetas trovadores passaram a escrever em langue d’oil, que com o passar do tempo se tornaria o idioma francês. A Canção de Rolando, poema épico escrito no século XI, é considerado um dos primeiros textos literários importantes da língua francesa. Ainda assim, nesse momento, a língua de Molière era falada somente em poucas regiões, principalmente por classes mais abastadas, uma vez que diferentes dialetos eram falados em toda a França. Esse fator dificultava reis a governarem um país em que os habitantes de uma região e outra não conseguiam se entender muito bem.
No século XII, o francês passa a ocupar mais espaços, é utilizado em escritos administrativos da realeza, contribuindo então para sua divulgação, expansão, bem como seu prestígio muito considerável até os dias de hoje. Letrados instituem o francês como língua de ensino e os dialetos locais iam se fundindo em uma língua comum, evoluindo para uma forma mais moderna, com gramática e ortografia simplificadas. O movimento filosófico Iluminismo foi outro fator determinante, à medida que passou a incentivar o uso do francês como língua da ciência e da razão. Assim, com a crescente colonização dos povos da África, América, Ásia e Polinésia, o francês experimentou um crescimento significativo, tornando-se então uma língua internacional, usada em uma diversidade de campos, seja na cultura, ciência, artes e diplomacia.
Hoje, percebemos o quanto a França possui uma herança linguística muito rica. Segundo o último relatório do Ministère de la Culture, cerca de 75 línguas são reconhecidas como “línguas da França”, conceito que abrange três categorias: as variedades regionais faladas em parte do território; seis línguas não territoriais resultantes da imigração, sem vínculos geográficos com o território francês e praticadas por cidadãos franceses há muitas gerações; e a língua de sinais francesa.
Além disso, a língua francesa se encontra em todos os continentes e se destaca como língua essencial no século XXI. Praticado por cerca de 300 milhões de falantes, incluindo 59% do continente Africano, o francês também é a segunda língua mais aprendida como língua estrangeira. O francês se dispõe como uma língua de compartilhamento, criação, inovação e coesão perante o cenário nacional e internacional, sendo uma língua viva e moderna, por sempre pensar em criar o mundo de hoje e amanhã.
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